3. Uniube-MG Assinale a afirmativa correta a respeito do Auto da Barca do Inferno, de
Gil Vicente:
a) O que mais se evidencia é o propósito de sátira social, de tal modo que a intenção
religiosa vê-se sufocada ou pelo menos minimizada pelo gosto de sátira da própria
sociedade.
b) O elemento religioso oferece apenas um pretexto, um quadro exterior para a apresentação
no palco de sátiras ou caricaturas profanas.
c) A sátira social se liga de modo nítido ao objetivo de edificação espiritual, colocandose
a questão da salvação post mortem (após a morte), o que demostra que a intenção
religiosa é ainda aqui dominante.
d) As personagens são personificações alegóricas (tipos reais caricaturizados), o que
evidencia o propósito de sátira social que, nesta peça, substitui o propósito de edificação
espiritual.
4. UFRS Em relação ao Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, considere as seguintes
afirmações.
I. Trata-se de um grande painel que satiriza a sociedade portuguesa do seu tempo.
II. Representa a transição da Idade Média para o Renascimento, guardando traços dos
dois períodos.
III. Sugere que o diabo, ao julgar justos e pecadores, tem poderes maiores que Deus.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas I e II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
5. PUC-SP O argumento da peça A Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente, consiste na
demonstração do refrão popular “Mais quero asno que me carregue que cavalo que me
derrube”. Identifique a alternativa que não corresponde ao provérbio, na construção da
farsa.
a) A segunda parte do provérbio ilustra a experiência desastrosa do primeiro casamento.
b) O escudeiro Brás da Mata corresponde ao cavalo, animal nobre, que a derruba.
c) O segundo casamento exemplifica o primeiro termo, asno que a carrega.
d) O asno corresponde a Pero Marques, primeiro pretendente e segundo marido de Inês.
e) Cavalo e asno identificam a mesma personagem em diferentes momentos de sua vida
conjugal.
8. UFR-RJ “Não há mais a moralidade do pecado, na qual o pecador vivia um conflito
interno entre ceder ou não à tentação.”
O fragmento destacado reflete uma temática recorrente durante o:
a) Barroco. d) Simbolismo.
b) Arcadismo. e) Modernismo.
c) Realismo.
9. Uniube-MG Compare as descrições de Marília:
Texto I
“Vivos olhos, e faces cor-de-rosa,
Com crespos fios de ouro:
Meus olhos se vêem graças e loureiros.”
Tomás Antônio de Gonzaga – “Marília de Dirceu”.
Texto II
“O seu semblante é redondo,
Sobrancelhas arqueadas,
Negros e finos cabelos,
Carnes de neve formadas.”
Tomás Antônio de Gonzaga – “Marília de Dirceu”.
Texto III
“Papoula, ou rosa delicada, e fina,
Te cobre as faces, que são cor de neve.
Os teus cabelos são uns fios d’ouro;
Teu lindo corpo bálsamo vapora.”
Tomás Antônio de Gonzaga – “Marília de Dirceu”.
A pastora Marília, conforme é apresentada nas liras de Tomás Antônio Gonzaga, carece
de unidade de enfoques; ora é descrita como tendo cabelos negros, ora loiros. A oscilação
que se observa nas descrições de Marília permite ao leitor concluir que:
a) Embora Marília corresponda a um ser real, Maria Dorotéia, ligado à vida do poeta, ele
é, antes de tudo, uma idealização poética. As descrições apenas atendem à idealização
da mulher, exigida pelas convenções neoclássicas.
b) O autor das liras está preocupado com a coerência dessas descrições, com o padrão
poético realizado em cada composição, por isso a amada do poeta deixa de ser associada
à figura convencional da pastora.
c) O sujeito lírico, caracterizado como pastor, descreve sua amada, a pastora Marília, na
atmosfera atormentada dos conflitos da paixão, fugindo às convenções bucólicas e
pastoris do Arcadismo.
d) Apesar de o autor invocar a pastora Marília, suas liras são destinadas a afirmar a
dignidade e a valia do pastor Dirceu. As descrições mostram a intenção do autor em
não revelar o objeto de seu amor.
11. Cefet-RJ
“A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem
feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura. Nem estima nenhuma coisa cobrir nem mostrar suas
vergonhas; e estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto. (...) Porém a
terra em si é de muito bons ares, (...). E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, darse-
á nela tudo, por bem das águas que tem.”
O texto acima apresenta fragmentos:
a) do “Diálogo sobre a conversão dos gentios”, do Pe. Manuel da Nóbrega.
b) das “Cartas” dos missionários jesuítas, escritas nos dois primeiros séculos.
c) da “Carta” de Pero Vaz de Caminha a El-Rey D. Manuel, referindo-se ao descobrimento
de uma nova terra e às primeiras impressões do aborígene.
d) da “Narrativa Epistolar e os Tratados da Terra e da Gente do Brasil”, do jesuíta Fernão Cardim.
e) do “Diário de Navegações”, de Pero Lopes de Souza, escrivão do primeiro colonizador,
o de Martim Afonso de Souza.
12. Cefet-RJ
“Lira I (1ª parte)
Eu, Marília, não sou
algum vaqueiro,
que viva de guardar
alheio gado,
de tosco trato, de
expressões grosseiro,
dos frios gelos e dos sóis
queimado.
tenho próprio casal e
nele assisto;
dá-me vinho, legume,
frutas, azeite;
das brancas ovelhinhas
tiro o leite,
e mais as finas lãs, de
que me visto.
Graças, Marília
bela,
Graças à minha
estrela.”
GONZAGA, Tomás Antonio. Marília de Dirceu. In: NICOLA,
José de. Literatura brasileira: das origens aos nossos dias. São Paulo: Scipione, 1999.p. 116.
“O Arcadismo, Setecentismo ou Neoclassicismo é o período que caracteriza principalmente a
segunda metade do século XVIII, tingindo as artes de uma nova tonalidade burguesa.”
NICOLA, José de. Literatura brasileira: das origens
aos nossos dias. São Paulo: Scipione, 1999.p. 106.
Assinale a alternativa que não caracteriza este período literário.
a) Os modelos seguidos são os clássicos greco-latinos e os renascentistas, embora a mitologia
pagã não venha a construir-se como elemento estético.
b) Os árcades, inspirados na frase de Horácio, fugere urbem (“fugir da cidade”), voltamse
para a natureza em busca de uma nova vida simples, bucólica, pastoril.
c) O fingimento poético justifica-se pela contradição entre a realidade do progresso urbano
e o mundo bucólico idealizado pelos árcades.
d) O uso de pseudônimos pastoris transparece: o pobre pastor Dirceu é o Dr. Tomás
Antonio Gonzaga.
e) O carpe diem (“gozar o dia”) horaciano, que consiste no princípio de viver o presente,
é uma postura típica também dos árcades.
13. U.F. Santa Maria-RS A respeito da poesia de Gregório de Matos, assinale a alternativa
incorreta.
a) Tematiza motivos de Minas Gerais, onde o poeta viveu.
b) A lírica religiosa apresenta culpa pelo pecado cometido.
c) As composições satíricas atacam governantes da colônia.
d) O lirismo amoroso é marcado por sensível carga erótica.
e) Apresenta uma divisão entre prazeres terrenos e salvação eterna.
14. UFRS Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações abaixo sobre os dois
grandes nomes do barroco brasileiro.
( ) A obra poética de Gregório de Matos oscila entre os valores transcendentais e os
valores mundanos, exemplificando as tensões do seu tempo.
( ) Os sermões do Padre Vieira caracterizam-se por uma construção de imagens desdobradas
em numerosos exemplos que visam a enfatizar o conteúdo da pregação.
( ) Gregório de Matos e o Padre Vieira, em seus poemas e sermões, mostram exacerbados
sentimentos patrióticos expressos em linguagem barroca.
( ) A produção satírica de Gregório de Matos e o tom dos sermões do Padre Vieira
representam duas faces da alma barroca no Brasil.
( ) O poeta e o pregador alertam os contemporâneos para o desvio operado pela retórica
retumbante e vazia.
A seqüência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:
a) V – F – F – F – F. d) F – F – V – V – V.
b) V – V – V – V – F. e) F – F – F – V – V.
c) V – V – F – V – F.
16. F.I. Viória-ES –“Ah! Peixes, quantas invejas vos tenho a essa natural irregularidade!...
A vossa bruteza é melhor que o meu alvedrio. Eu falo, mas vós não ofendeis a Deus com
as palavras; eu lembro-me, mas vós não ofendeis a Deus com a memória; eu discordo,
mas vós não ofendeis a Deus com o entendimento; eu quero, mas vós não ofendeis a
Deus com a vontade”.
O fragmento é próprio do estilo:
a) medieval, por sua religiosidade;
b) clássico-renascentista, pelas comparações;
c) barroco, pelo conceitismo e cultismos;
d) árcade, pelo bucolismo;
e) romântico, pelo sentimentalismo.
Instrução: As questões de números 16 e 17 referem-se a Os Lusíadas, de Camões.
17. UFRS Assinale a alternativa correta.
No canto I, na passagem que narra o concílio dos deuses, Júpiter:
a) conclama os deuses a auxiliarem os portugueses na Ásia, como recompensa pelos
ásperos perigos da viagem;
b) encontra acolhida a suas palavras entre os deuses maiores e menores;
c) reconhece a grandeza do povo lusitano, que enfrenta o mar desconhecido em frágeis
embarcações;
d) aceita as justificativas de Baco para impedir a chegada dos navegadores portugueses à
Índia.
e) mostra dúvidas quanto à possibilidade de que os feitos do povo lusitano venham a
suplantar a glória dos gregos e romanos.
18. UFRS Assinale a alternativa incorreta.
No canto V de Os Lusíadas,
a) Adamastor representa os perigos enfrentados pelos navegadores lusitanos na travessia
do oceano Atlântico para o oceano Índico;
b) os portugueses assistem à transformação do gigante Adamastor em penedo quando
tentam ultrapassar a parte mais meridional da África;
c) apesar das ameaças do gigante, os navegantes prosseguem, esperando ardentemente
que os perigos e castigos profetizados sejam afastados;
d) a nuvem negra que se desfaz, antes associada ao Cabo das Tormentas, abre novas
esperanças em relação aos objetivos da viagem;
e) a voz de “tom horrendo e grosso” do gigante Adamastor, ao dar lugar a um “medonho
choro”, deixa ver aos navegadores que o perigo já foi afastado.
20. F.M. Itajubá-MG Na fase quase inicial de nossa literatura, uma nova tendência, de
traços bem definidos, fazendo ressaltar ..............., bem como aspirações religiosas, e que
se convencionou chamar de ..............., tem como representante maior no Brasil o poeta
baiano ............... . Marque a opção que preenche adequadamente o enunciado.
a) Sonhos – Romantismo – Bento Teixeira.
b) Figuras – Dadaísmo – Emiliano Perneta.
c) Contraste – Barroco – Gregório de Matos.
d) Silepses – Parnasianismo – Castro Alves.
e) A métrica – Concretismo – Caetano Veloso.
21. F.M. Triângulo Mineiro-MG Sobre Gregório de Matos, é correto afirmar que:
a) se insere no Arcadismo brasileiro, ao qual imprimiu características barrocas, por ser
um poeta de transição;
b) pertenceu ao Barroco brasileiro e tematizou, sobretudo, a natureza mineira;
c) pertenceu ao Barroco brasileiro e sua veia crítica valeu-lhe a alcunha de “Boca do
Inferno”;
d) se insere no Barroco brasileiro e sua produção literária abrange, basicamente, textos
em prosa;
e) narra, nos seus poemas de contestação social, episódios da Inconfidência Mineira, da
qual participou.
22. U.F. Santa Maria-RS O poema épico O Uraguai, de Basílio da Gama, é uma:
a) composição que narra as lutas dos índios de Sete Povos das Missões, no Uruguai,
contra o exército espanhol, sediado lá para pôr em prática o Tratado de Madri;
b) das obras mais importantes do Arcadismo no Brasil, pois foi a precursora das Obras
Poéticas de Cláudio Manuel da Costa;
c) exaltação à terra brasileira, que o poeta compara ao paraíso, o que pode ser comprovado
nas descrições, principalmente do Ceará e da Bahia;
d) crítica a Diogo Álvares Correia, misto de missionário e colono português, que comanda
um dos maiores extermínios de índios da história;
e) exaltação à índia Lindóia, que morre após Diogo Álvares decidir-se por Moema, que
ajudava os espanhóis na luta contra os índios.
23. UFMG Leia o poema de Gregório de Matos.
“Triste Bahia! Oh quão dessemelhante
Estás, e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.
A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado
Tanto negócio, e tanto negociante.
Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.
Oh se quisera Deus, que de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote!”
Com base nessa leitura, é incorreto afirmar que:
a) o eu poético, no poema, mantém-se distanciado do objeto criticado;
b) o poema compara o presente e o passado da cidade;
c) o futuro desejado revela, no poema, a presença de uma voz moralizadora;
d) o poema faz referência ao contexto da época.
24. FUVEST-SP Em Os Lusíadas, as falas de Inês de Castro e do Velho do Restelo têm em comum
a) a ausência de elementos de mitologia da Antigüidade clássica.
b) a presença de recursos expressivos de natureza oratória.
c) a manifestação de apego a Portugal, cujo território essas personagens se recusavam a
abandonar.
d) a condenação enfática do heroísmo guerreiro e conquistador.
e) o emprego de uma linguagem simples e direta, que se contrapõe à solenidade do poema
épico.
25. UFRS Leia o soneto abaixo, de Luís de Camões.
“Um mover de olhos, brando e piedoso,
sem ver de quê; um riso brando e honesto,
quase forçado, um doce e humilde gesto,
de qualquer alegria duvidoso;
um despejo quieto e vergonhoso;
um desejo gravíssimo e modesto;
uma pura bondade manifesto
indício da alma, limpo e gracioso;
um encolhido ousar, uma brandura;
um medo sem ter culpa, um ar sereno;
um longo e obediente sofrimento:
Esta foi a celeste formosura
da minha Circe, e o mágico veneno
que pôde transformar meu pensamento.”
Em relação ao poema acima, considere as seguintes afirmações.
I. O poeta elabora um modelo de mulher perfeita e superior, idealizando a figura feminina.
II. O poeta não se deixa seduzir pela beleza feminina, assumindo uma atitude de insensibilidade.
III. O poeta sugere o desejo erótico ao referir a figura mitológica de Circe.
Quais estão corretas?
a) Apenas I. b) Apenas III. c) Apenas I e II. d) Apenas I e III e) I, II e III.
27. U.F. Santa Maria-RS
“As águas são muitas, infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á
nela tudo; por causa das águas que tem! Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar pareceme
que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve
alcançar.”
Visões otimistas sobre as potencialidades da natureza e dos indivíduos, a exemplo do que
se verifica no trecho transcrito, são comuns durante o período colonial. Assinale a alternativa
que identifica os textos que transmitiam esse tipo de mensagem.
a) Biografias de santos.
b) Sermões eucarísticos.
c) Ficção regionalista.
d) Literatura informativa.
e) Gênero lírico.
28. FUVEST-SP Considere as seguintes afirmações sobre a fala do velho do Restelo, em Os
Lusíadas:
I. No seu teor de crítica às navegações e conquistas, encontra-se refletida e sintetizada
a experiência das perdas que causaram, experiência esta já acumulada na época em
que o poema foi escrito.
II. As críticas aí dirigidas às grandes navegações e às conquistas são relativizadas pelo
pouco crédito atribuído a seu emissor, já velho e com um “saber só de experiência
feito”.
III. A condenação enfática que aí se faz à empresa das navegações e conquistas revela
que Camões teve duas atitudes em relação a ela: tanto criticou o feito quanto o
exaltou.
Está correto apenas o que se afirma em
a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) I e III.
29. U.F. Santa Maria-RS Observe a charge de Chico Caruso:
– Espelho meu, existe alguém mais ACM do que eu?
Veja, 24 de maio de 2000.
A crítica a personagens baianas com influência nos meios políticos pode também ser
identificada na poesia satírica de:
a) Padre José de Anchieta.
b) Tomás Antonio Gonzaga. d) Gregório de Matos Guerra.
c) Cláudio Manuel da Costa. e) Bento Teixeira Pinto.
30. U.F. Santa Maria-RS O Quinhentismo, enquanto manifestação literária, pode ser definido
como uma época em que:
I. não se pode falar, ainda, na existência de uma literatura brasileira, pois a cultura
portuguesa estabelecia as formas de pensamento e expressão para os escritores na
colônia;
II. se pode falar na existência de uma literatura brasileira porque, ao descreverem o
Brasil, os textos mostram um forte instinto de nacionalidade, na medida em que todos
os escritores eram nativos da terra;
III. a produção escrita se prende à descrição da terra e do índio ou a textos escritos pelos
jesuítas, ou seja, uma produção informativa e doutrinária.
Está(ão) correta(s):
a) Apenas I. d) Apenas II e III.
b) Apenas II. e) Apenas III.
c) Apenas I e III.
31. PUC-SP
“Tu, só tu, puro amor, com força crua
Que os corações humanos tanto obriga,
Deste causa à molesta morte sua,
Como se fora pérfida inimiga.
Se dizem fero Amor, que a sede tua
Nem com lágrimas tristes se mitiga,
É porque queres, áspero e tirano,
Tuas aras banhar em sangue humano.
Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruito,
Naquele engano da alma ledo e cego,
Que a fortuna não deixa durar muito,
Nos saudosos campos do Mondego,
De teus fermosos olhos nunca enxuito,
Aos montes ensinando e às ervinhas,
O nome que no peito escrito tinhas.”
Os Lusíadas, obra de Camões, exemplificam o gênero épico na poesia portuguesa. Entretanto,
oferecem momentos em que o lirismo se expande, humanizando os versos. O
episódio de Inês de Castro, do qual o trecho acima faz parte, é considerado o ponto alto
do lirismo camoniano inserido em sua narrativa épica. Desse episódio, como um todo,
pode afirmar-se que seu núcleo central
a) personifica e exalta o Amor, mais forte que as conveniências e causa da tragédia de Inês.
b) celebra os amores secretos de Inês e de D. Pedro e o casamento solene e festivo de ambos.
c) tem como tema básico a vida simples de Inês de Castro, legítima herdeira do trono de
Portugal.
d) retrata a beleza de Inês, posta em sossego, ensinando aos montes o nome que no peito
escrito tinha.
e) relata em versos livres a paixão de Inês pela natureza e pelos filhos e sua elevação ao
trono português.
32. UFRS Leia o texto abaixo, extraído da Carta de Pero Vaz de Caminha.
“O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, bem vestido, com um colar de
ouro mui grande ao pescoço, e aos pés uma alcatifa* por estrado. (...) Entraram. Mas não fizeram sinal
de cortesia, nem de falar ao Capitão nem a ninguém. Porém um deles pôs olho no colar do Capitão, e
começou de acenar com a mão para a terra e depois para o colar, como que nos dizendo que ali havia
ouro. (...) Viu um deles umas contas de rosário, brancas; acenou que lhas dessem, folgou muito com
elas, e lançou-as ao pescoço. Depois tirou-as e enrolou-as no braço e acenava para a terra e de novo
para as contas e para o colar do capitão, como dizendo que dariam ouro por aquilo.”
Vocabulário: *alcatifa – tapete.
Considere as seguintes afirmações sobre o texto.
I. As palavras de Caminha evidenciam o confronto entre civilização e barbárie vivenciado
pelos portugueses na chegada ao Brasil.
II. A interpretação que o escrivão dá aos gestos do índio em relação ao colar do Capitão
corrobora a intenção dos portugueses em explorar as possíveis jazidas de ouro da
terra recém descoberta.
III. No trecho selecionado, Caminha sugere uma prática que viria a se tornar corrente nas
relações entre portugueses e selvícolas: o escambo (a permuta) de produtos da terra
por artigos manufaturados europeus.
Quais estão corretas:
a) Apenas I. d) Apenas II e III.
b) Apenas II. e) I, II e III.
c) Apenas I e II.
34. FGV-SP Leia o texto abaixo e as afirmações que a ele se seguem.
“Que falta nessa cidade? Verdade.
Que mais por sua desonra? Honra.
Falta mais que se lhe ponha? Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.”
MATOS, Gregório de. Os melhores poemas de Gregório de Matos Guerra. Rio de Janeiro: Record, 1990.
O poema
I. mantém uma estrutura formal e rítmica regular.
II. enfatiza as idéias opostas.
III. emprega a ordem direta.
IV. refere-se à cidade de São Paulo.
V. emprega a gradação.
Então, pode-se dizer que são verdadeiras
a) apenas I, II, IV. d) apenas I, IV, V.
b) apenas I, II, V. e) todas.
c) apenas I, III, V.
35. U.F. Santa Maria-RS Autor de Obras Poéticas, apresenta, em suas composições, motivos
árcades. Assinale a alternativa que identifica esse autor, associando, corretamente,
seu nome à característica presente nessa obra.
a) Cláudio Manuel da Costa – desencanto e brevidade do amor.
b) Basílio da Gama – preocupação com feito histórico.
c) Tomás Antônio Gonzaga – celebração da natureza.
d) Basílio da Gama – inspiração religiosa.
e) Tomás Antônio Gonzaga – celebração da amada.
36. U.F. Santa Maria-RS Leia o texto a seguir.
“Eles não usam barba, elas têm cabelos compridos e tranças. Esguios, alimentados a peixe
moqueado com biju, mingau de amendoim e frutas. Falam baixo, dormem cedo e só têm uma
conversa: índio. É a tribo dos brancos composta de cientistas sociais, médicos, pedagogos, enfermeiras,
biólogas e engenheiros agrônomos, vindos de diversas regiões brasileiras. Boa parte da
engenhosa engenharia social e cultural que mantém o Parque do Xingu funcionando em harmonia
se deve ao trabalho desses especialistas.
O foco agora é preparar os índios para o inevitável confronto com a civilização que um dia
ocorrerá. As cidadezinhas vizinhas do parque vão transformar-se em municípios de porte médio, a
urbanização baterá às portas da reserva. Os moradores do parque, cada vez mais, dependerão de
produtos fabricados pelo branco. Em todos os momentos da humanidade, sempre que o choque
ocorreu, o mais forte sobrepujou o mais fraco. Quase sempre de forma violenta. Neste canto do
Brasil, um punhado de brancos está conseguindo driblar essa inevitabilidade. Procuram transformar
o abraço sufocante em um caminhar de mãos dadas de culturas tão diferentes.”
FERRAZ, Silvio. Do Xingu. In: Veja, 30 de junho de 1999.
Relacione o texto com a carta de Pero Vaz de Caminha e indique se são verdadeiras (V) ou falsas
(F) as seguintes afirmativas quanto à preocupação do homem branco em relação ao índio:
( ) O texto tem o mesmo objetivo da carta, pois ambos destacam, várias vezes, que o
rei de Portugal deveria cuidar da salvação dos índios.
( ) O texto tem o mesmo objetivo que a carta de Caminha, na medida em que tanto a
“tribo de brancos” quanto o escrivão da esquadra de Cabral mostram preocupação
com os índios do Xingu.
( ) O texto não tem o mesmo objetivo da carta pois Caminha, ao destacar que o rei
deveria cuidar da salvação dos índios, usa “salvação” no sentido religioso, de converter
o índio à fé católica, ou seja, no sentido de salvação da alma.
A seqüência correta é:
a) F – F – V. b) V – V – F. c) F – V – F. d) V – F – V. e) F – V – V.
Leia o seguinte fragmento do “Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as
de Holanda”, do Padre Antonio Vieira, para responder às questões 128 e 129:
“Enfim, Senhor, despojados os templos e derrubados os altares, acabar-se-á no Brasil a cristandade
católica; acabar-se-á o culto divino, nascerá erva nas igrejas, como nos campos; não haverá
quem entre nelas. Passará um dia de Natal, e não haverá memória de vosso nascimento; passará
a Quaresma e a Semana Santa, e não se celebrarão os mistérios de vossa Paixão. Chorarão as
pedras das ruas como diz Jeremias que chorava as de Jerusalém destruída: chorarão as ruas de
Sião, porque não há quem venha à solenidade. Ver-se-ão ermas e solitárias, e que as não pisa a
devoção dos fiéis, como costumava em semelhantes dias.”
37. U.F. Santa Maria-RS O texto relaciona-se à invasão holandesa no Brasil, em 1640;
nele, o orador:
a) considera os holandeses hereges e violentos com aqueles que não fossem seus compatriotas;
b) dirige-se a Deus e prevê o esvaziamento da religião católica, caso o Brasil fosse entregue
aos holandeses;
c) pede a Deus que evite a invasão de ervas nos templos, a fim de preservar o patrimônio
da Igreja;
d) é um profeta e previu o que realmente aconteceria com a religião católica no Brasil,
quase três séculos depois;
e) dirige-se ao rei de Portugal, a fim de salvar o país da invasão holandesa, que já começava
a destruir as igrejas da cidade.
38. U.F. Santa Maria-RS Padre Antonio Vieira, ao afirmar que “Chorarão as pedras das
ruas”, utiliza uma:
a) ironia. d) onomatopéia.
b) antítese. e) prosopopéia.
c) gradação.
39. U.E. Londrina-PR O Barroco manifesta-se entre os séculos XVI e XVII, momento em
que os ideais da Reforma entram em confronto com a Contra-Reforma católica, ocasionando
no plano das artes uma difícil conciliação entre o teocentrismo e o antropocentrismo.
A alternativa que contém os versos que melhor expressam este conflito é:
a) Um paiá de Monal, bonzo bramá,
Primaz da Cafraria do Pegu,
Que sem ser do Pequim, por ser do Açu,
Quer ser filho do sol, nascendo cá.
(Gregório de Matos)
b) Temerária, soberba, confiada,
Por altiva, por densa, por lustrosa,
A exaltação, a névoa, a mariposa,
Sobe ao sol, cobre o dia, a luz lhe enfada.
(Botelho de Oliveira)
c) Fábio, que pouco entendes de finezas!
Quem faz só o que pode a pouco obriga:
Quem contra os impossíveis se afadiga,
A esse cede amor em mil ternezas.
(Gregório de Matos)
d) Luzes qual sol entre astros brilhadores,
Se bem rei mais propício, e mais amado;
Que ele estrelas desterra em régio estado,
Em régio estado não desterras flores.
(Botelho de Oliveira)
e) Pequei Senhor; mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Porque quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
(Gregório de Matos)
40. UFRS Assinale a afirmativa incorreta em relação à obra O Uraguai, de Basílio da Gama.
a) O poema narra a expedição de Gomes Freire de Andrada, Governador do Rio de Janeiro,
às missões jesuíticas espanholas da banda oriental do rio Uruguai.
b) O Uraguai segue os padrões estéticos dos poemas épicos da tradição ocidental, como
a Odisséia, a Eneida e Os Lusíadas.
c) Basílio da Gama expressa uma visão européia em relação aos indígenas, acentuando
seu caráter bárbaro, incapaz de sentimentos nobres e humanitários.
d) Nas figuras de Cacambo e Sepé Tiaraju está representado o povo autóctone que defende
o solo natal.
e) Lindóia, única figura feminina do poema, morre de amor após o desaparecimento de
seu amado Cacambo.
Texto para responder às questões 41 e 42:
“Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Lua se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.”
Gregório de Matos.
41. CEETPS-SP Sobre as características barrocas desse soneto, considere as afirmações
abaixo:
I. Há nele um jogo simétrico de contrastes, expresso por pares antagônicos como Sol/
Lua, dia/noite, luz/sombra, tristeza/alegria, etc., que compõem a figura da antítese.
II. Esse é um soneto oitocentista, que cumpre os padrões da forma fixa, que são:
rimas ricas, interpoladas nas quadras (“A-B-A-B”) e alternadas nos tercetos (“AB-
B-A”).
III. O tema do eterno combate entre elementos mundanos e forças sagradas é indicado,
ali, por “ignorância do mundo” e “qualquer dos bens”, por um lado, e por “constância”,
“alegria” e “firmeza”, de outro.
A respeito de tais afirmações, deve-se dizer que:
a) somente I está correta.
b) somente II está correta.
c) somente III está correta.
d) somente I e III estão corretas.
e) todas estão corretas.
42. CEETPS-SP Assinale a alternativa que aponta a afirmação correta a partir do que se lê
no texto.
a) O texto afirma que a alegria é encontrada em contínuas tristezas, devido ao desapontamento
sentido pelo poeta, diante do curso seguido pelas forças naturais, tais como o
findar do dia e o início da noite.
b) O alternar de dias e noites serve de expressão a um estranho desejo do poeta de que, na
tristeza, se desfrutem as alegrias e, nas sombras da noite, a formosura do dia.
c) O tema central do soneto de Gregório de Matos revela-se em sua última estrofe, e
pode ser definido como uma reflexão acerca da transitoriedade dos bens do mundo,
cuja última firmeza é a inconstância.
d) O poema focaliza e acentua a ignorância do ser humano que, ao vivenciar a
alegria, não sabe retê-la, preferindo, como o Sol, esconder-se nos próprios sofrimentos.
e) O poema toca também na questão da inocência, pois, ao falar do mundo que se inicia
pela ignorância, está fazendo referência à pureza primordial da infância, que se opõe
à degradação dos bens materiais.
O texto abaixo refere-se às questões de 43 a 48. Trata-se de um sermão do quinto domingo
da Quaresma, do Padre Antônio Vieira:
“Como estamos na corte, onde das casas dos pequenos não se faz caso, nem têm nome de
casas, busquemos esta fé em alguma casa grande e dos grandes. Deus me guie.
(…) Entremos e vamos examinando o que virmos, parte por parte. Primeiro que tudo vejo cavalos,
liteiras e coches; vejo criados de diversos calibres, uns com libré, outros sem ela; vejo galas, vejo jóias,
vejo baixelas; as paredes vejo-as cobertas de ricos tapizes; das janelas vejo ao perto jardins, e ao
longe quintas; enfim, vejo todo o palácio e também o oratório; mas não vejo a fé. E por que não
aparece a fé nesta casa: eu o direi ao dono dela. Se o que vestem os lacaios e os pajens, e os socorros
do outro exército doméstico masculino e feminino depende do mercador que vos assiste, e no
princípio do ano lhe pagais com esperanças e no fim com desesperações, a risco de quebrar, como
se há de ver a fé na vossa família? Se as galas, as jóias e as baixelas, ou no Reino, ou fora dele, foram
adquiridas com tanta injustiça ou crueldade, que o ouro e a prata derretidos, e as sedas se se
espremeram, haviam de verter sangue, como se há de ver a fé nessa falsa riqueza? Se as pedras da
mesma casa em que viveis, desde os telhados até os alicerces estão chovendo os suores dos jornaleiros,
a quem não fazíeis a féria, e, se queriam ir buscar a vida a outra parte, os prendíeis e obrigáveis
por força, como se há de ver a fé, nem sombra dela na vossa casa?”
Vocabulário:
libré: uniforme de criados de casas nobres
os socorros do outro exército doméstico: a vestimenta dos outros serviçais
jornaleiros: trabalhadores que recebiam pagamento ao final do dia
a quem não fazíeis a féria: a quem não concedíeis dias de folga
43. FEI-SP O autor do texto, Padre Vieira, pertence à escola literária conhecida como:
a) Baroco. d) Realismo.
b) Trovadorismo. e) Romantismo.
c) Arcadismo.
44. FEI-SP Não é característica da escola literária a que Padre Vieira pertence:
a) emprego freqüente de palavras que designam cores, perfumes e sensações táteis.
b) uso constante da metáfora e da antítese.
c) união de duas idéias contrárias em um único pensamento.
d) composição de cantigas de amor e cantigas de amigo.
e) utilização de muitas frases interrogativas.
45. FEI-SP Padre Vieira é freqüentemente estudado como um autor contemporâneo a:
a) Luís de Camões. d) Carlos Drummond de Andrade.
b) Gregório de Matos. e) Fernando Sabino.
c) José de Alencar.
46. FEI-SP O sermão pode ser definido como:
a) composição em versos recitados nos palácios para divertir os nobres.
b) texto curto, em que predomina o desenvolvimento de um único conflito.
c) narrativa longa em que são apresentados diversos conflitos paralelos.
d) soneto com versos decassílabos.
e) discurso religioso cujo objetivo principal é a edificação moral dos ouvintes.
47. FEI-SP Sobre o fragmento do sermão acima transcrito, é possível afirmar que:
a) o autor discorre sobre a inabalável fé da corte e da nobreza.
b) Padre Vieira critica o povo por não ter a fé que os nobres possuem.
c) o autor conclui que não é possível encontrar a fé em uma casa onde se encontram
aqueles que exploram e maltratam os homens do povo.
d) o sermão é um elogio à corte pela maneira como trata os seus serviçais, dignificandoos
e humanizando as relações entre os nobres e o povo.
e) segundo o autor, a fé não tem qualquer relação com as ações desenvolvidas pelos
homens.
48. FEI-SP Verifica-se nesse fragmento a franca intenção de o autor:
a) divertir a platéia.
b) convencer e ensinar o seu público.
c) afastar os homens da verdadeira fé cristã.
d) provocar fortes emoções em seu público.
e) confundir seus ouvintes.
“À Ilha de Maré – Termo desta Cidade da Bahia
Aqui se cria o peixe regalado
Com tal sustância, e gosto preparado,
Que sem tempero algum para apetite
Faz gostoso convite,
E se pode dizer em graça rara
Que a mesma natureza os temperara.
……………………………………………
As plantas sempre nela reverdecem,
E nas folhas parecem,
Desterrando do Inverno os desfavores,
Esmeraldas de Abril em seus verdores,
E delas por adorno apetecido
Faz a divina Flora seu vestido.
As fruitas se produzem copiosas,
E são tão deleitosas,
Que como junto ao mar o sítio é posto,
Lhes dá salgado o mar o sal do gosto.
……………………………………………
As laranjas da terra
Poucas azedas são, antes se encerra
Tal doce nestes pomos,
Que o têm clarificado nos seus gomos;
Mas as de Portugal entre alamedas
São primas dos limões, todas azedas.
Nas que chamam da China
Grande sabor se afina,
Mais que as da Europa doces, e melhores,
E têm sempre a vantagem de maiores,
E nesta maioria,
Como maiores são, têm mais valia.
……………………………………………
Tenho explicado as fruitas e legumes,
Que dão a Portugal muitos ciúmes;
Tenho recopilado
O que o Brasil contém para invejado,
E para preferir a toda a terra,
Em si perfeitos quatro AA encerra.
Tem o primeiro A, nos arvoredos
Sempre verdes aos olhos, sempre ledos;
Tem o segundo A, nos ares puros
Na tempérie agradáveis e seguros;
Tem o terceiro A, nas águas frias,
Que refrescam o peito, e são sadias;
O quarto A, no açúcar deleitoso,
Que é do Mundo o regalo mais mimoso.
São pois os quatro AA por singulares
Arvoredos, Açúcar, Águas, Ares.”
OLIVEIRA, Manuel Botelho de. Música do Parnasso. Rio de Janeiro: INL, 1953. Tomo I, p. 127-135.